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terça-feira, 19 de junho de 2012

Excesso de sódio na comida transforma coração em bomba-relógio


Evitar alguns alimentos ajuda a combater a hipertensão, que afeta 23,3% dos brasileiros

POR ANDRESSA BASILIO - Share on email
Um acordo do Ministério da Saúde com a indústria alimentícia prevê a redução gradual de sódio em diversas categorias de alimentos no Brasil. A lista inicial contém 16 variedades, que incluem massas instantâneas, pães e bisnaguinhas. Agora, o ministro Alexandre Padilha detalhou as metas de mais sete alimentos, com foco em produtos muito consumidos pelo público infanto-juvenil:  batatas fritas e batata palha, pão francês, bolos prontos, misturas para bolos, salgadinhos de milho, maionese e biscoitos (doces ou salgados). O documento define o teor máximo de sódio a cada 100 gramas em alimentos industrializados e as metas devem ser cumpridas pelo setor produtivo até 2014 e aprofundadas até 2016.

O objetivo é reduzir 1,6 mil toneladas de sódio nos alimentos preparados nos próximos cinco anos, para ajudar no combate a doenças crônicas no país agravadas pelo alto consumo de sódio, como hipertensão e doenças cardiovasculares. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em 2010, a hipertensão atingiu 23,3% dos brasileiros, sendo que as mulheres são mais vítimas da doença (25,5%) que os homens (20,7%). A pesquisa, feita junto ao Núcleo de Pesquisa em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (NUPENS/USP), também mostrou que o diagnóstico se torna mais frequente conforme a idade avança - 50% das pessoas com 55 anos ou mais apresentam quadro de pressão alta. Hoje, no entanto, sabe-se que o controle do consumo de sódio pode evitar que a pressão arterial suba além da conta.

A principal fonte de sódio é o sal de cozinha, mas ele está presente em muitos outros alimentos, sejam eles naturais ou industrializados, pois é um conservante natural. E o principal: não é por que o alimento é salgado que tem muito sódio. Uma pesquisa do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia ouviu mais de 1.200 hipertensos e descobriu que 93% deles não sabem fazer a relação entre o sal e o sódio descrito nas embalagens dos alimentos. E 75% deles nem sequer lêem os rótulos. Isso porque o mineral fica camuflado.

A seguir, confira os novos produtos incluídos na lista do Ministério da Saúde e conheça outros alimentos campeões do sódio oculto.
  • Batata frita - Foto: Getty Images
  • Maionese - Foto: Getty Images
  • Macarrão instantâneo - Foto: Getty Images
  • Pão de forma - Getty Images
  • Fast food - Getty Images
  • Comida congelada - Foto: Getty Images
  • Salgadinho e biscoito - Foto: Getty Images
  • Refrigerante - Foto: Getty Images
  • Cereal - Foto: Getty Images
  • Embutido - Foto: Getty Images
  • Chocolate - Foto: Getty Images
  • Leite - Foto: Getty Images
  • Salada - Foto: Getty Images
 
 
DE 13
Batata frita - Foto: Getty Images
Sódio escondido
Isoladamente o sódio não tem sabor, mas poucos sabiam disso. Geralmente os médicos costumam recomendar a redução do sal para as pessoas com hipertensão porque ele é a principal fonte de sódio. Para se ter uma ideia do quanto de sal tem em um alimento, é só multiplicar o valor do sódio no rótulo por 2,5. Um alimento com 500 mg de sódio representa 1,25 g de sal, por exemplo. No entanto, o sal não é a única forma de encontrarmos o mineral. Recentemente, a Anvisa chegou a discutir a opção de acrescentar aos rótulos a quantidade de sal, em vez da de sódio, porém, isso não foi levado a diante justamente por ter alguns alimentos que apresentam sódio, mas não sal, como é o caso do leite, por exemplo.

De acordo com dados da OMS, a população brasileira consome duas vezes mais sódio do que o recomendado. Para adultos hipertensos, o consumo diário do mineral deve ser de 4g, o equivalente a uma colher de sobremesa, enquanto para não-hipertensos, bastam 6g. "O sódio precisa estar em equilíbrio com o potássio, caso contrário pode desencadear doenças cardiovasculares. Além disso, como o mineral compete com o cálcio, o uso abusivo de sódio pode levar a menor absorção de cálcio, gerando problemas como osteoporose e raquitismo, entre outros", explica a nutricionista Eliane Cristina de Almeida, da Unifesp.

Por estar presente em muitos alimentos, o mineral acaba se tornando uma ameaça para a saúde organismo, na medida em que não conseguimos fazer um controle maior do quanto estamos consumindo. Se é difícil seguir esse padrão, podemos pelo menos, diminuir consideravelmente o consumo de sódio se aprendermos a olhar rótulos. 
Maionese - Foto: Getty Images
Lista do Ministério da Saúde

Pão francês 
Teor atual: 648mg/100g
Meta: 586mg/ 100g
Redução: 2,5% ao ano até 2014

Batata palha ou frita
Teor atual: 720mg/100g
Meta: 529mg/ 100g
Redução: 5% ao ano até 2016

Salgadinhos de milho
Teor atual: 1.288mg/100g
Meta: 747mg/ 100g
Redução: 8,5% ao ano até 2016

Bolos prontos 
Teor atual: 463mg/100g
Meta: entre 204mg/100g e 332g/100g (varia conforme o tipo de bolo)
Redução: De 7,5% a 8% ao ano até 2014

Misturas para bolo
Teor atual: 568mg/100g
Meta: 334mg/100g (aerados) e 250mg/100g (cremosos)
Redução: De 8% a 8,5% ao ano até 2016

Biscoitos
Teor atual:1.220mg/100g (salgados), 490mg/100g (doces) e 600mg/100g (doces recheados)
Meta: 699mg/100g (salgados), 359mg/100g (doces) e 265mg/100g (doces recheados)
Redução: 7,5% a 19,5% ao ano até 2014

Maionese
Teor atual: 1.567mg/100g
Meta: 1.052mg/100g
Redução: 9,5% ao ano até 2014

Outros alimentos

Até 2012: Início da redução
Massas instantâneas: até 1,9 grama por 100 gramas de alimento (30% do valor atual)
Pães de forma: 645 miligramas por 100 gramas de alimento (redução de 10% ao ano)
Bisnaguinhas: 531 miligramas por 100 gramas de alimento (redução de 10% ao ano)

Até 2014 
Pães de forma: até 522 miligramas por 100 g (10% ao ano)
Bisnaguinhas: até 430 miligramas por 100 gramas de alimento (redução de 10% ao ano)
Macarrão instantâneo - Foto: Getty Images
Macarrão instantâneo 
"Toda a praticidade do miojo esconde um teor nutritivo baixíssimo", alerta a nutricionista Maria Fernanda Cortez. Só o tempero contém cerca de 50% do valor diário de sódio em uma dieta de duas mil calorias. Atualmente, cada 100 gramas de macarrão instantâneo produzido no Brasil apresenta entre 2.036 e 4.718 miligramas de sódio. No Canadá, a média de sódio é de 926,9 miligramas a cada 100 gramas do produto. 
Pão de forma - Getty Images
Pão de forma
Os índices dos produtos brasileiros também são expressivamente maiores. Enquanto no Canadá a média varia de 361 a 526 miligramas de sódio a cada 100 gramas do alimento, no Brasil, a mesma quantidade do produto traz entre 437 e 796 miligramas. 
Fast food - Getty Images
Fast-food
Campeão absoluto, além de gorduroso e altamente calórico, os fast-foods podem conter até 80% da ingestão diária de sódio recomendada."Além de aumentar a gordura e o colesterol do organismo, o sódio em excesso presente nesses alimentos podem causar a retenção de líquido, problemas cardiovasculares, aumento nos riscos de hipertensão, de celulite e de inchaço no corpo", diz a nutricionista Eliana Cristina. 
Comida congelada - Foto: Getty Images
Comida congelada
O sódio conserva o alimento, na medida em que diminui a atividade da água, impedindo o crescimento e a proliferação de micro-organismos. Além disso, alimentos congelados costumam ter o mineral em grandes quantidades para realçar o sabor dos alimentos. 
Salgadinho e biscoito - Foto: Getty Images
Salgadinho e biscoito
A criançada que se cuide, pois os salgadinhos e as bolachas recheadas estão com o teor de sódio cada vez mais alto, por causa dos aromatizantes e do fermento. "É preciso criar o hábito de ler os rótulos. Assim, podemos evitar de comprar aqueles alimentos que tem muita gordura e muito sódio", ensina a especialista da Unifesp. 
Refrigerante - Foto: Getty Images
Refrigerantes
Até mesmo os diet, light ou zero são ricos no mineral, pois reduzem o açúcar, mas a quantidade de sódio continua lá presente, em alguns casos até em doses maiores do que nos refrigerantes convencionais. 
Cereal - Foto: Getty Images
Cereal matinal
Os cereais matinais, principalmente infantis, são ricas fontes de sódio. "Uma porção de 30 gramas de cereal, pode conter mais de 200 mg de sódio. E como a quantidade de sódio para crianças de até três anos de idade é de 225 mg do mineral, é preciso olhar os rótulos com muita atenção e até suprimir a marca do cardápio", alerta a especialista. 
Embutido - Foto: Getty Images
Embutidos
Salsicha, salame, linguiça, mortadela, tudo muito gostoso e prático, mas ricos em sódio. Além da gordura desses alimentos, o mineral é basicamente necessário para a conservação destes tipos de alimentos. Consumir com moderação é o segredo. 
Chocolate - Foto: Getty Images
Chocolate
Sobremesas também podem conter alto teor de sódio. O chocolate, em geral, também usa o sódio na conservação. Chocolate branco tem mais sódio do que o amargo e o a versão ao leite, mas todos os três tipos podem trazer danos a saúde se consumidos em excesso. 
Leite - Foto: Getty Images
Carne bovina, leite e derivadosO sódio é bastante abundante em alimentos de origem animal. "A carne bovina, ovos, peixes, leite e derivados já apresentam uma boa quantidade de sódio. Por isso, o tempero e o consumo em excesso deve ser medido", explica Eliana Cristina de Almeida.
Salada - Foto: Getty Images
Alimentos naturais (feijão, cenoura, tomate, batata, acelga)
Não são só os industrializados e os alimentos de origem animal que contém sódio. É possível encontrar o mineral em alguns legumes, vegetais e frutas. Feijão, soja, batata, tomate e acelga são fontes de sódio, no entanto, a nutricionista diz que as quantidades são pequenas. "O nosso corpo precisa de sódio e esses alimentos já nos fornecem a quantidade que precisamos. Se ficássemos só com eles, nosso organismo já estaria bem abastecido", explica Eliana. 

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