Representantes dos agentes comunitários de saúde e de combate
a endemias devem se reunir com o relator geral do Orçamento da União para 2012,
deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), e com o relator do Plano Plurianual
(PPA), senador Walter Pinheiro (PT-BA), para garantir piso salarial nacional
para a categoria. A sugestão foi apresentada por Walter Pinheiro durante
audiência pública que discutiu, nesta quarta-feira, a situação desses
profissionais na Comissão de Assuntos Sociais (CAS).
Na avaliação do senador, se não houver uma rubrica
orçamentária para garantir o pagamento dos salários dos agentes de saúde e de
combate às endemias, a aprovação do piso salarial da categoria poderá resultar
ineficaz.
A proposta que cria o piso salarial nacional para esses
agentes (PLS 270/06), de autoria do então senador Rodolpho Tourinho
(BA), foi aprovada nesta terça-feira (4) pela comissão especial criada na Câmara
dos Deputados para analisar o assunto. O substitutivo aprovado fixa o piso em R$
750 mensais e, a partir de 1º de agosto de 2012, em R$ 866,89. Agora, a matéria
será examinada no Plenário daquela Casa, onde tramita sob o número 7495/06.
Apesar de considerar justa a reivindicação da categoria pelo
piso nacional, a representante do Ministério da Saúde, Eliana Mendonça, disse
temer que não haja recursos para custeá-lo e defende que o custo seja repartido
com estados e municípios. Ela informou que o ministério estuda propostas que
caibam no orçamento e está aberto a negociações e encontrar soluções para
implementar o piso da categoria.
Eliana Mendonça, que é secretária executiva de Negociação
Permanente do Sistema Único de Saúde (SUS), ressaltou que o ministério tem
preocupação com o cenário nacional como um todo, uma vez que outras categorias,
como a dos auxiliares de enfermagem, também reivindicam pisos salariais. Ela
informou que o custeio do salário dos agentes, nos moldes da proposta aprovada
na Câmara, representará um aumento de 5,4 bilhões no orçamento do ministério,
até 2015.
Ela afirmou que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
reconhece a importância desses profissionais para o país e procura atender as
reivindicações da categoria. Eliana Mendonça disse que os agentes comunitários
de saúde contribuem intensamente com o SUS e tiveram participação direta na
redução da mortalidade infantil e das mortes de mulheres durante o parto, bem
como na saúde de crianças e idosos.
O senador Humberto Costa (PT-PE), que requereu a audiência
pública, destacou a contribuição que esses profissionais têm dado à
implementação do SUS, que permitiu avanços na saúde pública brasileira. O
senador, que foi ministro da Saúde no governo de Luís Inácio Lula da Silva,
disse que o debate do assunto é importante para chegar a consenso, uma vez que,
segundo ele, a reivindicação é justa.
O coordenador executivo da Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS), Fernando Cândido, ressaltou que a
atividade dos agentes de saúde e de combate às endemias é importante para
melhorar os indicadores sociais do Brasil. Ele informou que a proposta de
criação do piso para a categoria deverá ser aprovada esta tarde no Plenário da
Câmara e confia que a presidente Dilma Rousseff não a vetará.
O deputado Valtenir Pereira (PSB-MT), que coordena a Frente
Parlamentar Mista em defesa dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate a
Endemias, informou que o governo federal já repassa às prefeituras 1,4 salário
mínimo para estimular a contratação de agentes comunitários de saúde. Em sua
avaliação, é preciso fazer um "pequeno ajuste" e conceder o piso reivindicado
pela categoria, que "cuida da parcela mais humilde da população".
Na avaliação do senador Eduardo Amorim (PSC-PE), "o exército'
de agentes de saúde deveriam ser qualificados a utilizar computadores para
registrar as condições em que vivem as famílias visitadas. Com as informações
reais do que acontece nas comunidades, destacou, o governo poderá implantar
políticas públicas para combater a pobreza e outros problemas sociais.
Maria do Carmo de Miranda, agente comunitária de Pernambuco,
acompanhou a audiência pública com colegas vindos de quase todos os estados
brasileiros (exceto do Acre). Ela declarou que a categoria cuida da saúde das
pessoas da comunidade. Os agentes comunitários de saúde, insistiu Maria do
Carmo, merecem melhores condições para trabalhar e cuidar também de sua própria
família.
Iara Farias Borges / Agência
Senado
Nenhum comentário:
Postar um comentário