Beto Oliveira
Renato Lopes, da UnB, defende uso da maconha por pacientes com câncer, Parkinson e Alzheimer.
Os malefícios e possíveis benefícios da maconha para a saúde foram debatidos pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara nesta quinta-feira (26). Entre os convidados, estavam cientistas, médicos e até quem recorreu à droga para aliviar a dor de um amigo em estado terminal.
O doutor em neurociências e professor adjunto do Departamento de Fisiologia da Universidade de Brasília (UnB), Renato Malcher Lopes, é coautor do livro "Maconha, Cérebro e Saúde". Ele defendeu o uso medicinal da droga no Brasil para redução de sintomas e alívio de náuseas e da falta de apetite em pacientes com câncer.
Lopes destacou ainda o uso da substância no tratamento de doenças como epilepsia, mal de Parkinson e Alzheimer. "Tem um valor terapêutico, porque o prognóstico melhora em função do estado psicológico."
O escritor e pesquisador Gideon dos Lakotas afirmou que nenhum cientista é contra o uso medicinal da maconha, mas que o debate está enviesado por uma outra causa: o uso recreativo da droga.
A psicóloga clínica especialista em saúde mental Marisa Lobo falou sobre sua experiência com mais de 500 pacientes e afirmou que a maconha desencadeia surtos psicóticos em 15% a 17% dos usuários. Segundo ela, é necessário cuidado com o discurso sobre os benefícios do uso da droga. "Há 40 anos, médicos receitavam o cigarro para aliviar a ansiedade e o estresse”, comparou.
Beto Oliveira
Marisa Lobo diz que até 17% dos usuários da droga desenvolvem surtos psicóticos.
“Vocês têm ideia do que é esquizofrenia? Eu tenho porque tenho pacientes com esquizofrenia, e tenho esquizofrenia na minha família desencadeada pela maconha. Então, além da parte teórica, eu tenho a prática”, continuou a psicóloga. “Não há conflito de ciências, há conflito de cientistas, por valores pessoais. Cada um acha o que quer nessa situação. A luta aqui é por legalização [da maconha], porque aqui ninguém é bobo."
Alívio para a dor
A audiência pública também contou com o depoimento emocionado da nutricionista Helena Sampaio, que acompanhou a morte de sua irmã Ana Rosa e, quando passou por uma situação semelhante com um amigo, aliviou o sofrimento dele com maconha. Ela saiu às ruas para comprar.
A audiência pública também contou com o depoimento emocionado da nutricionista Helena Sampaio, que acompanhou a morte de sua irmã Ana Rosa e, quando passou por uma situação semelhante com um amigo, aliviou o sofrimento dele com maconha. Ela saiu às ruas para comprar.
"Depois da minha irmã, eu me aprofundei, li muito e vi que aquilo causava benefício. E eu vi o meu amigo, a qualidade que aquilo deu para ele foi muito grande. Meu amigo foi me agradecendo imensamente e eu não repeti a mesma ida dolorida da minha irmã”, disse Helena.
O plenário da audiência pública estava lotado de pessoas do Movimento Pela Vida, que vai promover uma marcha contra a maconha em junho, em São Paulo, e por estudantes defensores da legalização da droga. O debate foi sugerido pelo deputado Roberto de Lucena (PV-SP).
Reportagem - Luiz Cláudio Canuto/Rádio Câmara
Edição – Daniella Cronemberger
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