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domingo, 29 de abril de 2012

Especialistas apontam perigos e benefícios do uso medicinal da maconha

Beto Oliveira

Renato Malcher Lopes  (professor adjunto do Departamento de Fisiologia da UnB)
Renato Lopes, da UnB, defende uso da maconha por pacientes com câncer, Parkinson e Alzheimer.
Os malefícios e possíveis benefícios da maconha para a saúde foram debatidos pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara nesta quinta-feira (26). Entre os convidados, estavam cientistas, médicos e até quem recorreu à droga para aliviar a dor de um amigo em estado terminal.
O doutor em neurociências e professor adjunto do Departamento de Fisiologia da Universidade de Brasília (UnB), Renato Malcher Lopes, é coautor do livro "Maconha, Cérebro e Saúde". Ele defendeu o uso medicinal da droga no Brasil para redução de sintomas e alívio de náuseas e da falta de apetite em pacientes com câncer.
Lopes destacou ainda o uso da substância no tratamento de doenças como epilepsia, mal de Parkinson e Alzheimer. "Tem um valor terapêutico, porque o prognóstico melhora em função do estado psicológico."
O escritor e pesquisador Gideon dos Lakotas afirmou que nenhum cientista é contra o uso medicinal da maconha, mas que o debate está enviesado por uma outra causa: o uso recreativo da droga.
A psicóloga clínica especialista em saúde mental Marisa Lobo falou sobre sua experiência com mais de 500 pacientes e afirmou que a maconha desencadeia surtos psicóticos em 15% a 17% dos usuários. Segundo ela, é necessário cuidado com o discurso sobre os benefícios do uso da droga. "Há 40 anos, médicos receitavam o cigarro para aliviar a ansiedade e o estresse”, comparou.
Beto Oliveira
Marisa Lobo (psicóloga clínica especialista em saúde mental)
Marisa Lobo diz que até 17% dos usuários da droga desenvolvem surtos psicóticos.
“Vocês têm ideia do que é esquizofrenia? Eu tenho porque tenho pacientes com esquizofrenia, e tenho esquizofrenia na minha família desencadeada pela maconha. Então, além da parte teórica, eu tenho a prática”, continuou a psicóloga. “Não há conflito de ciências, há conflito de cientistas, por valores pessoais. Cada um acha o que quer nessa situação. A luta aqui é por legalização [da maconha], porque aqui ninguém é bobo."
Alívio para a dor
A audiência pública também contou com o depoimento emocionado da nutricionista Helena Sampaio, que acompanhou a morte de sua irmã Ana Rosa e, quando passou por uma situação semelhante com um amigo, aliviou o sofrimento dele com maconha. Ela saiu às ruas para comprar.
"Depois da minha irmã, eu me aprofundei, li muito e vi que aquilo causava benefício. E eu vi o meu amigo, a qualidade que aquilo deu para ele foi muito grande. Meu amigo foi me agradecendo imensamente e eu não repeti a mesma ida dolorida da minha irmã”, disse Helena.
O plenário da audiência pública estava lotado de pessoas do Movimento Pela Vida, que vai promover uma marcha contra a maconha em junho, em São Paulo, e por estudantes defensores da legalização da droga. O debate foi sugerido pelo deputado Roberto de Lucena (PV-SP).
Reportagem - Luiz Cláudio Canuto/Rádio Câmara
Edição – Daniella Cronemberger

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