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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

PORTARIA Nº 1.823 29/08/2012 Portaria 1.823 - Política Nacional de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora Escrito por: Militantes da área da Saúde dos Trabalhadores. Vamos comemorar depois de muitos anos de intenso trabalho, conseguimos que fosse publicado no DOU (Diário Oficial da União) 23/08/2012 a portaria 1.823 - Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.


D.O.U. - Ano CXLIX Nº 165, Seção I, págs. 46-51 - Brasília - DF, sexta-feira, 24 de agosto de 2012
PORTARIA Nº 1.823, DE 23 DE AGOSTO DE 2012
Institui a Política Nacional de Saúde do Trabalhador
e da Trabalhadora.
O MINISTRO DO ESTADO DA SAÚDE, no uso da atribuição que lhe confere o inciso
II do parágrafo único art. 87 da Constituição; e
Considerando que compete ao Sistema Único de Saúde (SUS) a execução das ações de
saúde do trabalhador, conforme determina a Constituição Federal;
Considerando o papel do Ministério da Saúde de coordenar nacionalmente a política de
saúde do trabalhador, conforme o disposto no inciso V do art. 16 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de
1990;
Considerando o alinhamento entre a política de saúde do trabalhador e a Política Nacional
de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), instituída por meio do Decreto nº 7.602, de 7 de novembro
de 2011;
Considerando a necessidade de implementação de ações de saúde do trabalhador em todos
os níveis de atenção do SUS; e
Considerando a necessidade da definição dos princípios, das diretrizes e das estratégias a
serem observados nas três esferas de gestão do SUS no que se refere à saúde do trabalhador, resolve:
Art. 1º  Fica instituída a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.
Art. 2º A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora tem como
finalidade definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas três esferas de
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do
trabalhador, com ênfase na vigilância, visando a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a
redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos.
Art. 3º Todos os trabalhadores, homens e mulheres, independentemente de sua localização,
urbana ou rural, de sua forma de inserção no mercado de trabalho, formal ou informal, de seu vínculo
empregatício, público ou privado, assalariado, autônomo, avulso, temporário, cooperativados, aprendiz,
estagiário, doméstico, aposentado ou desempregado são sujeitos desta Política.
Parágrafo único.  A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora alinha-se
com o conjunto de políticas de saúde no âmbito do SUS, considerando a transversalidade das ações de
saúde do trabalhador e o trabalho como um dos determinantes do processo saúde-doença.
Art.4º  Além do disposto nesta Portaria, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora reger-se-á, de forma complementar, pelos elementos informativos constantes do Anexo I a
esta Portaria.
 
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS E DAS DIRETRIZES
Art. 5º A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora observará os
seguintes princípios e diretrizes:
I – universalidade;
II – integralidade;
III – participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social;  IV – descentralização;
V – hierarquização;
VI – equidade; e
VII – precaução.
Art. 6º  Para fins de implementação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora dever-se-á considerar a articulação entre:  
I – as ações individuais, de assistência e de recuperação dos agravos, com ações coletivas,
de promoção, de prevenção, de vigilância dos ambientes, processos e atividades de trabalho, e de
intervenção sobre os fatores determinantes da saúde dos trabalhadores;
II – as ações de planejamento e avaliação com as práticas de saúde; e
III – o conhecimento técnico e os saberes, experiências e subjetividade dos trabalhadores e
destes com as respectivas práticas institucionais.
Parágrafo único.  A realização da articulação tratada neste artigo requer mudanças
substanciais nos processos de trabalho em saúde, na organização da rede de atenção e na atuação
multiprofissional e interdisciplinar, que contemplem a complexidade das relações trabalho-saúde.
Art. 7º  A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora deverá contemplar
todos os trabalhadores priorizando, entretanto, pessoas e grupos em situação de maior vulnerabilidade,
como aqueles inseridos em atividades ou em relações informais e precárias de trabalho, em atividades de
maior risco para a saúde, submetidos a formas nocivas de discriminação, ou ao trabalho infantil, na
perspectiva de superar desigualdades sociais e de saúde e de buscar a equidade na atenção.
Parágrafo único.  As pessoas e os grupos vulneráveis de que trata o  caput  deste artigo
devem ser identificados e definidos a partir da análise da situação de saúde local e regional e da discussão
com a comunidade, trabalhadores e outros atores sociais de interesse à saúde dos trabalhadores,
considerando-se suas especificidades e singularidades culturais e sociais.
CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
Art. 8º São objetivos da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora:
I – fortalecer a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) e a integração com os
demais componentes da Vigilância em Saúde, o que pressupõe:
a) identificação das atividades produtivas da população trabalhadora e das situações de
risco à saúde dos trabalhadores no território;
b) identificação das necessidades, demandas e problemas de saúde dos trabalhadores no
território;
c) realização da análise da situação de saúde dos trabalhadores;
d) intervenção nos processos e ambientes de trabalho;
e) produção de tecnologias de intervenção, de avaliação e de monitoramento das ações de
VISAT;
f) controle e avaliação da qualidade dos serviços e programas de saúde do trabalhador, nas
instituições e empresas públicas e privadas;
g) produção de protocolos, de normas técnicas e regulamentares; e
h) participação dos trabalhadores e suas organizações;
II – promover a saúde e ambientes e processos de trabalhos saudáveis, o que pressupõe:
a) estabelecimento e adoção de parâmetros protetores da saúde dos trabalhadores nos
ambientes e processos de trabalho;
b) fortalecimento e articulação das ações de vigilância em saúde, identificando os fatores
de risco ambiental, com intervenções tanto nos ambientes e processos de trabalho, como no entorno,
tendo em vista a qualidade de vida dos trabalhadores e da população circunvizinha;
c) representação do setor saúde/saúde do trabalhador nos fóruns e instâncias de formulação
de políticas setoriais e intersetoriais e às relativas ao desenvolvimento econômico e social; d) inserção, acompanhamento e avaliação de indicadores de saúde dos trabalhadores e das
populações circunvizinhas nos processos de licenciamento e nos estudos de impacto ambiental;
e) inclusão de parâmetros de proteção à saúde dos trabalhadores e de manutenção de
ambientes de trabalho saudáveis nos processos de concessão de incentivos ao desenvolvimento, nos
mecanismos de fomento e outros incentivos específicos;
f) contribuição na identificação e erradicação de situações análogas ao trabalho escravo;
g) contribuição na identificação e erradicação de trabalho infantil e na proteção do trabalho
do adolescente;
h) desenvolvimento de estratégias e ações de comunicação de risco e de educação
ambiental e em saúde do trabalhador;
III – garantir a integralidade na atenção à saúde do trabalhador, que pressupõe a inserção
de ações de saúde do trabalhador em todas as instâncias e pontos da Rede de Atenção à Saúde do SUS,
mediante articulação e construção conjunta de protocolos, linhas de cuidado e matriciamento da saúde do
trabalhador na assistência e nas estratégias e dispositivos de organização e fluxos da rede, considerando
os seguintes componentes:
a) atenção primária em saúde;
b) atenção especializada, incluindo serviços de reabilitação;
c) atenção pré-hospitalar, de urgência e emergência, e hospitalar;
d) rede de laboratórios e de serviços de apoio diagnóstico;
e) assistência farmacêutica;
f) sistemas de informações em saúde;
g) sistema de regulação do acesso;
h) sistema de planejamento, monitoramento e avaliação das ações;
i) sistema de auditoria; e
j) promoção e vigilância à saúde, incluindo a vigilância à saúde do trabalhador;
IV – ampliar o entendimento de que a saúde do trabalhador deve ser concebida como uma
ação transversal, devendo a relação saúde-trabalho ser identificada em todos os pontos e instâncias da
rede de atenção;
V – incorporar a categoria trabalho como determinante do processo saúde-doença dos
indivíduos e da coletividade, incluindo-a nas análises de situação de saúde e nas ações de promoção em
saúde;
VI – assegurar que a identificação da situação do trabalho dos usuários seja considerada
nas ações e serviços de saúde do SUS e que a atividade de trabalho realizada pelas pessoas, com as suas
possíveis conseqüências para a saúde, seja considerada no momento de cada intervenção em saúde; e
VII – assegurar a qualidade da atenção à saúde do trabalhador usuário do SUS.
CAPÍTULO III
DAS ESTRATÉGIAS
Art. 9º São estratégias da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora:
I – integração da Vigilância em Saúde do Trabalhador com os demais componentes da
Vigilância em Saúde e com a Atenção Primária em Saúde, o que pressupõe:
a) planejamento conjunto entre as vigilâncias, com  eleição de prioridades comuns para
atuação integrada, com base na análise da situação de saúde dos trabalhadores e da população em geral, e
no mapeamento das atividades produtivas e com potencial impacto ambiental no território;
b) produção conjunta de protocolos, normas técnicas e atos normativos, com harmonização
de parâmetros e indicadores, para orientação aos Estados e Municípios no desenvolvimento das ações de
vigilância, e especialmente como referência para os processos de pactuação entre as três esferas de gestão
do SUS;
c) harmonização e, sempre que possível, unificação  dos instrumentos de registro e
notificação de agravos e eventos de interesse comum aos componentes da vigilância; d) incorporação dos agravos relacionados ao trabalho, definidos como prioritários para fins
de vigilância, nas listagens de agravos de notificação compulsória, nos âmbitos nacional, estaduais e
municipais, seguindo a mesma lógica e fluxos dos demais;
e) proposição e produção de indicadores conjuntos para monitoramento e avaliação da
situação de saúde;
f) formação e manutenção de grupos de trabalho integrados para investigação de surtos e
eventos inusitados e de investigação de situações de saúde decorrentes de potenciais impactos ambientais
de processos e atividades produtivas nos territórios, envolvendo as vigilâncias epidemiológica, sanitária,
em saúde ambiental, saúde do trabalhador e rede de laboratórios de saúde pública;
g) produção conjunta de metodologias de ação, de investigação, de tecnologias de
intervenção, de avaliação e de monitoramento das ações de vigilância nos ambientes e situações
epidemiológicas;
h) incorporação, pelas equipes de vigilância sanitária dos Estados e Municípios, de práticas
de avaliação, controle e vigilância dos riscos ocupacionais nas empresas e estabelecimentos, observando
as atividades produtivas presentes no território;
i) investimentos na qualificação e capacitação integradas das equipes dos diversos
componentes da vigilância em saúde, com incorporação de conteúdos específicos, comuns e afins, nos
processos formativos e nas estratégias de educação permanente de todos os componentes da Vigilância
em Saúde;
j) investimentos na ampliação da capacidade técnica e nas mudanças das práticas das
equipes das vigilâncias, especialmente para atuação no apoio matricial às equipes de referência dos
municípios;
k) participação conjunta nas estratégias, fóruns e  instâncias de produção, divulgação,
difusão e comunicação de informações em saúde;
l) estímulo à participação dos trabalhadores e suas organizações, sempre que pertinente, no
acompanhamento das ações de vigilância epidemiológica, sanitária e em saúde ambiental, além das ações
específicas de VISAT; e
m) atualização e ou revisão dos códigos de saúde, com inserção de disposições sobre a
vigilância em saúde do trabalhador e atribuição da  competência de autoridade sanitária às equipes de
vigilância em saúde do trabalhador, nos Estados e Municípios;
II – análise do perfil produtivo e da situação de saúde dos trabalhadores, o que pressupõe:
a) identificação das atividades produtivas e do perfil da população trabalhadora no
território em conjunto com a atenção primária em saúde e os setores da Vigilância em Saúde;
b) implementação da rede de informações em saúde do trabalhador;
c) definição de elenco de indicadores prioritários para análise e monitoramento;
d) definição do elenco de agravos relacionados ao trabalho de notificação compulsória e de
investigação obrigatória e inclusão no elenco de prioridades, nas três esferas de gestão do SUS;
e) revisão periódica da lista de doenças relacionadas ao trabalho;
f) realização de estudos e análises que identifiquem e possibilitem a compreensão dos
problemas de saúde dos trabalhadores e o comportamento dos principais indicadores de saúde;
g) estruturação das estratégias e processos de difusão e comunicação das informações;
h) garantia, na identificação do trabalhador, do registro de sua ocupação, ramo de atividade
econômica e tipo de vínculo nos seguintes sistemas  e fontes de informação em saúde, aproveitando
todos os contatos do/a trabalhador/a com o sistema de saúde:
1. Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM);
2. Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS);
3. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan);
4. Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA-SUS);
5. Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB);
6. Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP); e
7. Registros de Câncer de Base Hospitalar (RCBH);
i) articulação e sistematização das informações das demais bases de dados de interesse à
saúde do trabalhador, como: 1. Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS);
2. Sistema Único de Benefícios (SUB);
3. Relação Anual de Informações Sociais (RAIS);
4. Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED);
5. Sistema Federal de Inspeção do Trabalho (SFIT);
6. Troca de Informação em Saúde Suplementar (TISS); e
7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
8. outros sistemas de informações dos órgãos e setores de planejamento, da agricultura, do
meio ambiente, da segurança pública, do trânsito, da indústria, comércio e mineração, das empresas, dos
sindicatos de trabalhadores, entre outras;
j) gestão junto a essas instituições para acesso às bases de dados de forma desagregada,
conforme necessidades da produção da análise da situação de saúde nos diversos níveis territoriais;
k) produção e divulgação, periódicas, com acesso ao público em geral, de análises de
situação de saúde, considerando diversos níveis territoriais (local, municipal, microrregional,
macrorregional, estadual, grandes regiões, nacional);
l) estabelecimento da notificação compulsória e investigação obrigatória em todo território
nacional dos acidentes de trabalho graves e com óbito e das intoxicações por agrotóxicos, considerando
critérios de magnitude e gravidade;
m) viabilização da compatibilização e/ou unificação dos instrumentos de coleta de dados e
dos fluxos de informações, em articulação com as demais equipes técnicas e das vigilâncias;
n) gestão junto à Previdência Social para que a notificação dos acidentes e doenças
relacionadas ao trabalho feita pelo SUS (Sinan) seja reconhecida, nos casos de trabalhadores segurados
pelo Seguro Acidente de Trabalho;
o) criação de sistemas e bancos de dados para registro das informações contidas nos
relatórios de inspeções e mapeamento dos ambientes de trabalho realizados pelas equipes de Vigilância
em Saúde;
p) definição de elenco básico de indicadores de morbimortalidade e de situações de risco
para a composição da análise de situação de saúde dos trabalhadores, considerando o conjunto dos
trabalhadores brasileiros, incluindo as parcelas inseridas em atividades informais, ou seja, o total da
População Economicamente Ativa Ocupada;
q) articulação intra e intersetorial para a implantação ou implementação de observatórios
de saúde do trabalhador, em especial, articulando-se com o observatório de violências e outros;
r) articulação, apoio e gestão junto à Rede Interagencial de Informações para a Saúde
(RIPSA) para fins de ampliação dos atuais indicadores de saúde do trabalhador constantes das
publicações dos Indicadores Básicos de Saúde (IDB);
s) garantia da inclusão de indicadores de saúde do  trabalhador nas RIPSA estaduais,
conforme necessidades e especificidades de cada Estado;
t) produção de protocolos e manuais de orientação para os profissionais de saúde para a
utilização da Classificação Brasileira de Ocupação  e da Classificação Nacional de Atividades
Econômicas;
u) avaliação e produção de relatórios periódicos sobre a qualidade dos dados e informações
constantes nos sistemas de informação de interesse à saúde do trabalhador; e
v) disponibilização e divulgação das informações em meios eletrônicos, boletins, cartilhas,
impressos, vídeos, rádio e demais instrumentos de comunicação e difusão.  
III – estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador
(RENAST) no contexto da Rede de Atenção à Saúde, o que pressupõe:
a) ações de Saúde do Trabalhador junto à atenção primária em saúde:
1. reconhecimento e mapeamento das atividades produtivas no território;
2. reconhecimento e identificação da população trabalhadora e seu perfil sócio ocupacional
no território;
3. reconhecimento e identificação dos potenciais riscos e impactos (perfil de morbimortalidade) à saúde dos trabalhadores, das comunidades e ao meio ambiente, advindos das atividades
produtivas no território; 4. identificação da rede de apoio social aos trabalhadores no território;
5. inclusão, dentre as prioridades de maior vulnerabilidade em saúde do trabalhador, das
seguintes situações: chefe da família desempregado  ou subempregado, crianças e adolescentes
trabalhando, gestantes ou nutrizes trabalhando, algum membro da família portador de algum agravo à
saúde relacionado com o trabalho (acidente ou doença) e presença de atividades produtivas no domicílio;
6. identificação e registro da situação de trabalho, da ocupação e do ramo de atividade
econômica dos usuários das unidades e serviços de atenção primária em saúde;
7. suspeita e ou identificação da relação entre o trabalho e o problema de saúde
apresentado pelo usuário, para fins de diagnóstico e notificação dos agravos relacionados ao trabalho;
8. notificação dos agravos relacionados ao trabalho no Sinan e no SIAB e, emissão de
relatórios e atestados médicos, incluindo o laudo de exame médico da Comunicação de Acidente do
Trabalho (CAT), nos casos pertinentes;
9. subsídio à definição da rede de referência e contra referência e estabelecimento dos
fluxos e instrumentos para os encaminhamentos necessários;
10. articulação com as equipes técnicas e os Centros de Referência em Saúde do
Trabalhador (CEREST) sempre que necessário, para a  prestação de retaguarda técnica especializada,
considerando seu papel no apoio matricial a toda rede SUS;
11. definição e implantação de condutas e manejo assistenciais, de promoção e de
vigilância em saúde do trabalhador, mediante a aplicação de protocolos, de linhas de cuidado e de
projetos terapêuticos para os agravos, e de linhas  guias para a vigilância de situações de riscos
relacionados ao trabalho;
12. incorporação de conteúdos de saúde do trabalhador nas estratégias de capacitação e de
educação permanente para as equipes da atenção primária em saúde;
b) ações de saúde do trabalhador junto à urgência e emergência:
1. identificação e registro da situação de trabalho, da ocupação e do ramo de atividade
econômica dos usuários dos pontos de atenção às urgências e emergências, nas redes estaduais e
municipais;
2. identificação da relação entre o trabalho e o acidente, violência ou intoxicação exógena
sofridos pelo usuário, com decorrente notificação do agravo no Sinan e adequado registro no SIH-SUS
para os casos que requererem hospitalização;
3. preenchimento do laudo de exame médico da CAT nos casos pertinentes;
4. acompanhamento desses casos pelas equipes dos Núcleos de Vigilância Epidemiológica
Hospitalar, onde houver;
5. encaminhamento para a rede de referência e contra referência, para fins de continuidade
do tratamento, acompanhamento e reabilitação, seguindo os fluxos e instrumentos definidos para tal;
6. articulação com as equipes técnicas e os CEREST  sempre que necessário para a
prestação de retaguarda técnica especializada, considerando seu papel no apoio matricial a toda rede SUS;
7. harmonização dos conceitos dos eventos/agravos e unificação das fichas de notificação
dos casos de acidentes de trabalho, outros acidentes e violências;
8. incorporação de conteúdos de saúde do trabalhador nas estratégias de capacitação e de
educação permanente para as equipes dos pontos de atenção às urgências e emergências;
9. estabelecimento de parcerias intersetoriais e referência e contra referencia com as
unidades de atendimento e serviços das Secretarias  de Segurança Pública, Institutos Médico Legais, e
setores/departamentos de trânsito e transporte;
c) ações de saúde do trabalhador junto à atenção especializada (ambulatorial e hospitalar):
1. identificação e registro da situação de trabalho, da ocupação e do ramo de atividade
econômica dos usuários dos pontos de atenção especializada, nas redes estaduais e municipais;
2. suspeita ou identificação da relação entre o trabalho e o agravo à saúde do usuário, com
decorrente notificação do agravo no Sinan;
3. preenchimento do laudo de exame médico da CAT nos casos pertinentes;
4. encaminhamento para a rede de referência e contra referência, para fins de continuidade
do tratamento, acompanhamento e reabilitação, seguindo os fluxos e instrumentos definidos para tal; 5. articulação com as equipes técnicas e os CEREST  sempre que necessário para a
prestação de retaguarda técnica especializada, considerando seu papel no apoio matricial a toda rede SUS;
e
6. incorporação de conteúdos de saúde do trabalhador nas estratégias de capacitação e de
educação permanente para as equipes dos pontos de atenção especializada;
IV – fortalecimento e ampliação da articulação intersetorial, o que pressupõe:
a) aplicação de indicadores de avaliação de impactos à saúde dos trabalhadores e das
comunidades nos processos de licenciamento ambiental, de concessão de incentivos ao desenvolvimento,
mecanismos de fomento e incentivos específicos;
b) fiscalização conjunta onde houver trabalho em condições insalubres, perigosas e
degradantes, como nas carvoarias, madeireiras, canaviais, construção civil, agricultura em geral,
calcareiras, mineração, entre outros, envolvendo os Ministérios do Trabalho e Emprego, da Previdência
Social e do Meio Ambiente, o SUS e o Ministério Público; e
c) compartilhamento e publicização das informações produzidas por cada órgão e instituição,
inclusive por meio da constituição de observatórios, de modo a viabilizar a adequada análise de situação,
estabelecimento de prioridades, tomada de decisão e monitoramento das ações;
V – estímulo à participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social, o que
pressupõe:
a) acolhimento e resposta às demandas dos representantes da comunidade e do controle
social;
b) buscar articulação com entidades, instituições,  organizações não governamentais,
associações, cooperativas e demais representações de categorias de trabalhadores, presentes no território,
inclusive as inseridas em atividades informais de trabalho e populações em situação de vulnerabilidade;
c) estímulo à participação de representação dos trabalhadores nas instâncias oficiais de
representação social do SUS, a exemplo dos conselhos e comissões intersetoriais, nas três esferas de
gestão do SUS;
d) apoiar o funcionamento das Comissões Intersetoriais de Saúde do Trabalhador (CIST)
dos Conselhos de Saúde, nas três esferas de gestão do SUS;
e) inclusão da comunidade e do controle social nos programas de capacitação e educação
permanente em saúde do trabalhador, sempre que possível, e inclusão de conteúdos de saúde do
trabalhador nos processos de capacitação permanente voltados para a comunidade e o controle social,
incluindo grupos de trabalhadores em situação de vulnerabilidade, com vistas às ações de promoção em
saúde do trabalhador;
f) transparência e facilitação do acesso às informações aos representantes da comunidade,
dos trabalhadores e do controle social;
VI – desenvolvimento e capacitação de recursos humanos, o que pressupõe:
a) adoção de estratégias para a progressiva desprecarização dos vínculos de trabalho das
equipes de saúde, incluindo os técnicos dos centros de referência e das vigilâncias, nas três esferas de
gestão do SUS, mediante concurso público;
b) inserção de especificação da atribuição de inspetor de vigilância aos técnicos em saúde
do trabalhador nos planos de carreira, cargos e vencimentos, nas esferas estadual e municipal;
c) inserção de conteúdos de saúde do trabalhador nos diversos processos formativos e
estratégias de educação permanente, cursos e capacitações, para profissionais de nível superior e nível
médio, com destaque àqueles destinados às equipes de Vigilância em Saúde, à Saúde da Família e aos
gestores;
d) capacitação para aplicação de protocolos, linhas guias e linhas de cuidado em saúde do
trabalhador, com ênfase à identificação da relação saúde-trabalho, ao diagnóstico e manejo dos acidentes
e das doenças relacionadas ao trabalho, incluindo a reabilitação, à vigilância de agravos, de ambientes e
de processos de trabalho e à produção de análise da situação de saúde;
e) capacitação voltada à aplicação de medidas básicas de promoção, prevenção e educação
em saúde e às orientações quanto aos direitos dos trabalhadores;
f) estabelecimento de referências e conteúdos curriculares para a formação de profissionais
em saúde do trabalhador, de nível técnico e superior; g) produção de tecnologias mistas de educação presencial e a distância e publicização de
tecnologias já existentes, com estabelecimento de processos e métodos de acompanhamento, avaliação e
atualização dessas tecnologias;
h) articulação intersetorial com Ministérios e Secretarias de Governo, especialmente com o
Ministério da Educação, para fins de inclusão de conteúdos temáticos de saúde do trabalhador nos
currículos do ensino fundamental e médio, da rede pública e privada, em cursos de graduação e de
programas específicos de pós-graduação em sentido amplo e restrito, possibilitando a articulação ensino /
pesquisa / extensão, bem como nos cursos voltados à qualificação profissional e empresarial;
i) investimento na qualificação de todos os técnicos dos CEREST, no mínimo, em nível de
especialização;
j) integração com órgãos de fomento de pesquisa, nacionais e internacionais e com
instituições responsáveis pelo processo educativo como universidades, centros de pesquisa, organizações
sindicais, ONG, entre outras; e
k) apoio à capacitação voltada para os interesses do movimento social, movimento sindical
e controle social, em consonância com as ações e diretrizes estratégicas do SUS e com a legislação de
regência;
VII – apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas, o que pressupõe:
a) articulação estreita entre os serviços e instituições de pesquisa e universidades, com
envolvimento de toda a rede de serviços do SUS na construção de saberes, normas, protocolos,
tecnologias e ferramentas, voltadas à produção de respostas aos problemas e necessidades identificadas
pelos serviços, comunidade e controle social;
b) adoção de critérios epidemiológicos e de relevância social para a identificação e
definição das linhas de investigação, estudos e pesquisas, de modo a fornecer respostas e subsídios
técnico-científicos para o enfrentamento de problemas prioritários no contexto da saúde do trabalhador;
c) desenvolvimento de projetos de pesquisa-intervenção que possam ser estruturantes para
a saúde do trabalhador no SUS, que articulem as ações de promoção, vigilância, assistência, reabilitação e
produção e comunicação de informações, e resultem em produção de tecnologias de intervenção em
problemas prioritários em cada território;
d) definição de linhas prioritárias de pesquisa para a produção de conhecimento e de
respostas às questões teórico conceituais do campo da saúde do trabalhador, de modo a preencher lacunas
e produzir modelos teóricos que contribuam para a melhoria da promoção, da vigilância e da atenção à
saúde dos trabalhadores;
e) incentivo à pesquisa e aplicação de tecnologias  limpas e/ou com reduzido impacto à
saúde dos trabalhadores e ao meio ambiente, bem como voltadas à produção de alternativas e substituição
de produtos e processos já reconhecidos como danosos à saúde, e formas de organização de trabalho
saudáveis;
f) estabelecimento de rede de centros de pesquisa colaboradores na construção de saberes,
normas, protocolos, tecnologias e ferramentas, voltadas à produção de respostas aos problemas e
necessidades identificadas pelos serviços, comunidade e controle social;
g) estabelecimento de mecanismos que garantam a participação da comunidade e das
representações dos trabalhadores no desenvolvimento dos estudos e pesquisas, incluindo a divulgação e
aplicação dos seus resultados; e
h) garantia, pelos gestores, da observância dos preceitos éticos no desenvolvimento de
estudos e pesquisas realizados no âmbito da rede de serviços do SUS, mediante a participação dos
Comitês de Ética em Pesquisa nesses processos.
§ 1º  A análise da situação de saúde dos trabalhadores, de que trata o inciso II deste artigo,
compreende o monitoramento contínuo de indicadores e das situações de risco, com vistas a subsidiar o
planejamento das ações e das intervenções em saúde  do trabalhador, de forma mais abrangente, no
território nacional, no Estado, região, Município e nas áreas de abrangência das equipes de atenção à
saúde.
§ 2º  No que se refere à análise da situação de saúde dos trabalhadores, de que trata o
inciso II deste artigo, dever-se-á promover a articulação das redes de informações, que se baseará nos
seguintes pressupostos:  I - concepção de que as informações em saúde do trabalhador, presentes em diversas bases
e fontes de dados, devem estar em consonância com os princípios e diretrizes da Política Nacional de
Informações e Informática do SUS;
II - necessidade de estabelecimento de processos participativos nas definições e na
produção de informações de interesse à saúde do trabalhador;
III - empreendimento sistemático e permanente de ações, com vistas ao aprimoramento e
melhoria da qualidade das informações;
IV - compartilhamento de informações de interesse para a saúde do trabalhador, mediante
colaboração intra e intersetorial, entre as esferas de governo, e entre instituições, públicas e privadas,
nacionais e internacionais;
V - necessidade de estabelecimento de mecanismos de publicização e garantia de acesso
pelos diversos públicos interessados; e
VI - zelo pela privacidade e confidencialidade de dados individuais identificados,
garantindo o acesso necessário às autoridades sanitárias no exercício das ações de vigilância.
§ 3º  O processo de capacitação em saúde do trabalhador, de que trata o inciso VI deste
artigo, deverá:
I - contemplar as diversidades e especificidades loco-regionais, incorporar os princípios do
trabalho cooperativo, interdisciplinar e em equipe multiprofissional e as experiências acumuladas pelos
Estados e Municípios nessa área;
II - abranger todos os profissionais vinculados ao SUS, independente da especialidade e
nível de atuação – atenção básica ou especializada, os inseridos em programas e estratégias específicos,
como, por exemplo, agentes comunitários de saúde, saúde da família, saúde da mulher, saúde do homem,
saúde mental, vigilância epidemiológica, vigilância sanitária e em saúde ambiental, entre outros;
III - considerar, sempre que possível, com graus de prioridade distintos, as necessidades de
outras instituições públicas e privadas – sindicatos de trabalhadores e patronais, organizações nãogovernamentais (ONG) e empresas que atuam na área de modo interativo com o SUS, em consonância
com a legislação de regência; e
IV - contemplar estratégias de articulação e de inserção de conteúdos de saúde do
trabalhador nos diversos cursos de graduação das áreas de saúde, engenharias, ciências sociais, entre
outros além de outros que apresentem correlação com a área da saúde, de modo a viabilizar a preparação
dos profissionais desde a graduação, incluindo a oferta de vagas para estágios curriculares e extracurriculares.
CAPÍTULO IV
DAS RESPONSABILIDADES
Seção I
Das Atribuições dos Gestores do SUS
Art. 10.   São responsabilidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Município, em seu âmbito administrativo, além de outras que venham a ser pactuadas pelas Comissões
Intergestores:  
I – garantir a transparência, a integralidade e a equidade no acesso às ações e aos serviços
de saúde do trabalhador;
II – orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de saúde do trabalhador;
III – monitorar o acesso às ações e aos serviços de saúde do trabalhador;
IV – assegurar a oferta regional das ações e dos serviços de saúde do trabalhador;
V – estabelecer e garantir a articulação sistemática entre os diversos setores responsáveis
pelas políticas públicas, para analisar os diversos problemas que afetam a saúde dos trabalhadores e
pactuar uma agenda prioritária de ações intersetoriais; e
VI – desenvolver estratégias para identificar situações que resultem em risco ou produção
de agravos à saúde, adotando e ou fazendo adotar medidas de controle quando necessário. Art. 11.   À direção nacional do SUS compete:
I - coordenar, em âmbito nacional, a implementação  da Política Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora;
II - conduzir as negociações nas instâncias do SUS, visando inserir ações, metas e
indicadores de saúde do trabalhador no Plano Nacional de Saúde e na Programação Anual de Saúde, a
partir de planejamento estratégico que considere a  Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora;  
III - alocar recursos orçamentários e financeiros para a implementação desta Política,
aprovados no Conselho Nacional de Saúde (CNS);
IV - desenvolver estratégias visando o fortalecimento da participação da comunidade, dos
trabalhadores e do controle social, incluindo o apoio e fortalecimento da Comissão Intersetorial de Saúde
do Trabalhador (CIST) do CNS;
V - apoiar tecnicamente as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, na implementação e execução da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora;
VI - promover a incorporação de ações e procedimentos de vigilância e de assistência à
saúde do trabalhador junto à Rede de Atenção à Saúde, considerando os diferentes níveis de
complexidade, tendo como centro ordenador a Atenção Primária em Saúde;
VII - monitorar, em conjunto com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, os
indicadores pactuados para avaliação das ações e serviços de saúde dos trabalhadores;
VIII - estabelecer rotinas de sistematização, processamento, análise e divulgação dos dados
gerados nos Municípios e nos Estados a partir dos sistemas de informação em saúde, de acordo com os
interesses e necessidades do planejamento estratégico da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora;
IX - elaborar perfil produtivo e epidemiológico, a partir de fontes de informação existentes
e de estudos específicos, com vistas a subsidiar a programação e avaliação das ações de atenção à saúde
do trabalhador;
X - promover a articulação intersetorial com vistas à promoção de ambientes e processos
de trabalho saudáveis e ao acesso às informações e bases de dados de interesse à saúde dos trabalhadores;
XI - participar da elaboração de propostas normativas e elaborar normas pertinentes à sua
área de atuação, com a participação de outros atores sociais como entidades representativas dos
trabalhadores, universidades e organizações não-governamentais;
XII - promover a formação e a capacitação em saúde do trabalhador dos profissionais de
saúde do SUS, junto à Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, bem como estimular a
parceria entre os órgãos e instituições pertinentes para formação e capacitação da comunidade, dos
trabalhadores e do controle social, em consonância com a legislação de regência;
XIII - desenvolver estratégias de comunicação e elaborar materiais de divulgação visando
disponibilizar informações do perfil produtivo e epidemiológico relativos à saúde dos trabalhadores;
XIV - conduzir a revisão periódica da listagem oficial de doenças relacionadas ao trabalho
no território nacional e a inclusão do elenco prioritário de agravos relacionados ao trabalho na listagem
nacional de agravos de notificação compulsória; e
XV - regular, monitorar, avaliar e auditar as ações e serviços de saúde do trabalhador, no
âmbito de sua competência.
Art. 12.  À direção estadual do SUS compete:
I - coordenar, em âmbito estadual, a implementação  da Política Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora;
II - conduzir as negociações nas instâncias estaduais do SUS, visando inserir ações, metas
e indicadores de saúde do trabalhador no Plano Estadual de Saúde e na Programação Anual de Saúde, a
partir de planejamento estratégico que considere a  Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora;   III – pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros, para a implementação da
Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, pactuados nas instâncias de gestão e
aprovados no Conselho Estadual de Saúde (CES);
IV - desenvolver estratégias visando o fortalecimento da participação da comunidade, dos
trabalhadores e do controle social, incluindo o apoio e fortalecimento da CIST do CES;
V - apoiar tecnicamente e atuar de forma integrada  com as Secretarias Municipais de
Saúde na implementação das ações de saúde do trabalhador;
VI - organizar as ações de promoção, vigilância e assistência à saúde do trabalhador nas
regiões de saúde, considerando os diferentes níveis de complexidade, tendo como centro ordenador a
Atenção Primária em Saúde, definindo, em conjunto com os municípios, os mecanismos e os fluxos de
referência, contra-referência e de apoio matricial, além de outras medidas, para assegurar o
desenvolvimento de ações de promoção, vigilância e assistência em saúde do trabalhador;
VII - realizar a pactuação regional e estadual das  ações e dos indicadores de promoção,
vigilância e assistência à saúde do trabalhador;
VIII - monitorar, em conjunto com as Secretarias Municipais de Saúde, os indicadores
pactuados para avaliação das ações e serviços de saúde dos trabalhadores;
IX - regular, monitorar, avaliar e auditar as ações e a prestação de serviços em saúde do
trabalhador, no âmbito de sua competência;
X - garantir a implementação, nos serviços públicos e privados, da notificação compulsória
dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, assim como do registro dos dados pertinentes à saúde do
trabalhador no conjunto dos sistemas de informação em saúde, alimentando regularmente os sistemas de
informações em seu âmbito de atuação, estabelecendo rotinas de sistematização, processamento e análise
dos dados gerados nos municípios, de acordo com os  interesses e necessidades do planejamento desta
Política;
XI - elaborar, em seu âmbito de competência, perfil produtivo e epidemiológico, a partir de
fontes de informação existentes e de estudos específicos, com vistas a subsidiar a programação e
avaliação das ações de atenção à saúde do trabalhador;
XII - participar da elaboração de propostas normativas e elaborar normas técnicas
pertinentes à sua esfera de competência, com outros atores sociais como entidades representativas dos
trabalhadores, universidades e organizações não governamentais;
XIII - promover a formação e capacitação em saúde do trabalhador para os profissionais de
saúde do SUS, inclusive na forma de educação continuada, respeitadas as diretrizes da Política Nacional
de Educação Permanente em Saúde, bem como estimular a parceria entre os órgãos e instituições
pertinentes para formação e capacitação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social, em
consonância com a legislação de regência;
XIV - desenvolver estratégias de comunicação e elaborar materiais de divulgação visando
disponibilizar informações do perfil produtivo e epidemiológico relativos à saúde dos trabalhadores;
XV - definir e executar projetos especiais em questões de interesse loco-regional, em
conjunto com as equipes municipais, quando e onde couber; e
XVI - promover, no âmbito estadual, a articulação intersetorial com vistas à promoção de
ambientes e processos de trabalho saudáveis e ao acesso às informações e bases de dados de interesse à
saúde dos trabalhadores.
Art. 13.  Compete aos gestores municipais de saúde:
I - executar as ações e serviços de saúde do trabalhador;
II - coordenar, em âmbito municipal, a implementação da Política Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora;
III - conduzir as negociações nas instâncias municipais do SUS, visando inserir ações,
metas e indicadores de saúde do trabalhador no Plano Municipal de Saúde e na Programação Anual de
Saúde, a partir de planejamento estratégico que considere a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e
da Trabalhadora; IV – pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para a implementação da
Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, pactuados nas instâncias de gestão e
aprovados no Conselho Municipal de Saúde (CMS);
V - desenvolver estratégias visando o fortalecimento da participação da comunidade, dos
trabalhadores e do controle social, incluindo o apoio e fortalecimento da CIST do CMS;
VI - constituir referências técnicas em saúde do trabalhador e/ou grupos matriciais
responsáveis pela implementação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora;
VII - participar, em conjunto com o Estado, da definição dos mecanismos e dos fluxos de
referência, contra-referência e de apoio matricial, além de outras medidas, para assegurar o
desenvolvimento de ações de promoção, vigilância e assistência em saúde do trabalhador;
VIII - articular-se regionalmente para integrar a organização, o planejamento e a execução
de ações e serviços de saúde quando da identificação de problemas e prioridades comuns;
IX - regular, monitorar, avaliar e auditar as ações e a prestação de serviços em saúde do
trabalhador, no âmbito de sua competência;
X - implementar, na Rede de Atenção à Saúde do SUS, e na rede privada, a notificação
compulsória dos agravos à saúde relacionados com o  trabalho, assim como o registro dos dados
pertinentes à saúde do trabalhador no conjunto dos  sistemas de informação em saúde, alimentando
regularmente os sistemas de informações em seu âmbito de atuação, estabelecendo rotinas de
sistematização, processamento e análise dos dados gerados no Município, de acordo com os interesses e
necessidades do planejamento da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora;
XI - instituir e manter cadastro atualizado de empresas classificadas nas diversas atividades
econômicas desenvolvidas no Município, com indicação dos fatores de risco que possam ser gerados para
os trabalhadores e para o contingente populacional direta ou indiretamente a eles expostos, em articulação
com a vigilância em saúde ambiental;
XII - elaborar, em seu âmbito de competência, perfil produtivo e epidemiológico, a partir
de fontes de informação existentes e de estudos específicos, com vistas a subsidiar a programação e
avaliação das ações de atenção à saúde do trabalhador;
XIII - capacitar, em parceria com as Secretarias Estaduais de Saúde e com os CEREST, os
profissionais e as equipes de saúde do SUS, para identificar e atuar nas situações de riscos à saúde
relacionados ao trabalho, assim como para o diagnóstico dos agravos à saúde relacionados com o
trabalho, em consonância com as diretrizes para implementação da Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde, bem como estimular a parceria  entre os órgãos e instituições pertinentes para
formação e capacitação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social, em consonância com a
legislação de regência; e
XIV - promover, no âmbito municipal, articulação intersetorial com vistas à promoção de
ambientes e processos de trabalho saudáveis e ao acesso às informações e bases de dados de interesse à
saúde dos trabalhadores.
Seção II
Das Atribuições dos CEREST e das Equipes Técnicas
Art. 14. Cabe aos CEREST, no âmbito da RENAST:
I - desempenhar as funções de suporte técnico, de educação permanente, de coordenação
de projetos de promoção, vigilância e assistência à saúde dos trabalhadores, no âmbito da sua área de
abrangência;
II - dar apoio matricial para o desenvolvimento das ações de saúde do trabalhador na
atenção primária em saúde, nos serviços especializados e de urgência e emergência, bem como na
promoção e vigilância nos diversos pontos de atenção da Rede de Atenção à Saúde;
III - atuar como centro articulador e organizador das ações intra e intersetoriais de saúde do
trabalhador, assumindo a retaguarda técnica especializada para o conjunto de ações e serviços da rede
SUS e se tornando pólo irradiador de ações e experiências de vigilância em saúde, de caráter sanitário e
de base epidemiológica. § 1º  As ações a serem desenvolvidas pelos CEREST serão planejadas de forma integrada
pelas equipes de saúde do trabalhador no âmbito das Secretarias Estaduais de Saúde (SES) e das
Secretarias Municipais de Saúde (SMS), sob a coordenação dos gestores.
§ 2º  Para as situações em que o Município não tenha condições técnicas e operacionais, ou
para aquelas definidas como de maior complexidade,  caberá às SES a execução direta de ações de
vigilância e assistência, podendo fazê-lo, em caráter complementar ou suplementar, através dos CEREST.
§ 3º  O apoio matricial, de que trata o inciso II deste artigo, será equacionado a partir da
constituição de equipes multiprofissionais e do desenvolvimento de práticas interdisciplinares, com
estabelecimento de relações de trabalho entre a equipe de matriciamento e as equipes técnicas de
referência, na perspectiva da prática da clínica ampliada, da promoção e da vigilância em saúde do
trabalhador.
Art. 15.  As equipes técnicas de saúde do trabalhador, nas três esferas de gestão, com o
apoio dos CEREST, devem garantir sua capacidade de prover o apoio institucional e o apoio matricial
para o desenvolvimento e incorporação das ações de saúde do trabalhador no SUS.
Parágrafo único.  A execução do disposto no caput deste artigo pressupõe, no mínimo:
I - a construção, em toda a Rede de Atenção à Saúde, de capacidade para a identificação
das atividades produtivas e do perfil epidemiológico dos trabalhadores nas regiões de saúde definidas
pelo Plano Diretor de Regionalização e Investimentos (PDRI); e
II - a capacitação dos profissionais de saúde para  a identificação e monitoramento dos
casos atendidos que possam ter relação com as ocupações e os processos produtivos em que estão
inseridos os usuários.
CAPÍTULO V
DA AVALIAÇÃO E DO MONITORAMENTO
Art. 16.  As metas e os indicadores para avaliação e monitoramento da Política Nacional de
Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora devem estar contidos nos instrumentos de gestão definidos pelo
sistema de planejamento do SUS:
I - Planos de Saúde;
II - Programações Anuais de Saúde; e
III - Relatórios Anuais de Gestão.
§ 1º  O planejamento estratégico deve contemplar ações, metas e indicadores de promoção,
vigilância e atenção em saúde do trabalhador, nos moldes de uma atuação permanentemente articulada e
sistêmica.
§ 2º  As necessidades de saúde do trabalhador devem ser incorporadas no processo geral do
planejamento das ações de saúde, mediante a utilização dos instrumentos de pactuação do SUS, o qual é
um processo dinâmico, contínuo e sistemático de pactuação de prioridades e estratégias de saúde do
trabalhador nos âmbitos municipal, regional, estadual e federal, considerando os diversos sujeitos
envolvidos neste processo.
Art. 17.  A avaliação e o monitoramento da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e
da Trabalhadora, pelas três esferas de gestão do SUS, devem ser conduzidos considerando-se:
I – a inserção de ações de saúde do trabalhador, considerando objetivos, diretrizes, metas e
indicadores, no Plano de Saúde, na Programação Anual de Saúde e no Relatório Anual de Gestão, em
cada esfera de gestão do SUS;
II – a definição de que as ações de saúde do trabalhador, em cada esfera de gestão, devem
expressar com clareza e transparência, os mecanismos e as fontes de financiamento;
III – o estabelecimento de investimentos nas ações de vigilância, no desenvolvimento de
ações na Atenção Primária em Saúde e na regionalização como eixos prioritários para a aplicação dos
recursos de saúde do trabalhador;
IV – a definição de interlocutor para o tema saúde do trabalhador nas três esferas de gestão
do SUS;  V - a inclusão na Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde (RENASES) de ações e
serviços de saúde do trabalhador;
VI - a produção de protocolos, de linhas guias e linhas de cuidado em saúde do
trabalhador, de acordo com os níveis de organização da vigilância e atenção à saúde;
VII - a capacitação dos profissionais de saúde, visando à implementação dos protocolos,
das linhas guias e das linhas de cuidado em saúde do trabalhador;
VIII - a definição dos fluxos de referência, contra-referência e de apoio matricial, de
acordo com as diretrizes clínicas, as linhas de cuidado pactuadas na Comissão Intergestores Regional
(CIR) e na Comissão Intergestores Bipartite (CIB),  garantindo a notificação compulsória dos agravos
relacionados ao trabalho; e
IX - o monitoramento e avaliação dos indicadores de saúde do trabalhador pactuados, bem
como o acompanhamento da evolução histórica e tendências dos indicadores de morbimortalidade, nas
esferas municipal, micro e macrorregionais, estadual e nacional.
CAPÍTULO VI
DO FINANCIAMENTO
Art. 18.  Além dos recursos dos fundos nacionais, estaduais e municipais de saúde, fica
facultado aos gestores de saúde utilizar outras fontes de financiamento, como:
I - ressarcimento ao SUS, pelos planos de saúde privados, dos valores gastos nos serviços
prestados aos seus segurados, em decorrência de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho;
II - repasse de recursos advindos de contribuições para a seguridade social;
III - criação de fundos especiais; e
IV - parcerias com organismos nacionais e internacionais para financiamento de projetos
especiais, de desenvolvimento de tecnologias, máquinas e equipamentos com maior proteção à saúde dos
trabalhadores, especialmente aqueles voltados a cooperativas, da economia solidária e pequenos
empreendimentos.
Parágrafo único.  Além das fontes de financiamento  previstas neste artigo, poderão ser
pactuados, nas instâncias intergestores, incentivos específicos para as ações de promoção e vigilância em
saúde do trabalhador, a serem inseridos nos pisos variáveis dos componentes de vigilância e promoção da
saúde e da vigilância sanitária.
Art. 19.  Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA

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